sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sem conhecimento não existe amor

Amadeo Cencini, no seu livro: “Amarás o Senhor teu Deus” nos fala do amor ao próximo. Hoje, quero apresentar um resumo do que ele nos fala, por acreditar que pode ser muito rico para você.

A primeira coisa que precisamos entender é que o centro de todo ser humano é positivo, mas no seu todo o ser é limitado. Essa é a condição humana. Ou seja, existem em todo homem e em toda mulher virtudes e defeitos, riquezas notáveis e impulsos incoerentes com a estrutura pessoal, mas que são partes dela. É importante sabermos separar a fraqueza do irmão e o seu valor como pessoa para assumirmos a responsabilidade de que temos por ele e pelo seu crescimento.

O verdadeiro amor não está fundamentado nas qualidades e defeitos, mas sim no valor radicado em seu próprio ser. Isso significa dizer que não basta pensar bem, não se trata de fechar os olhos para os aspectos negativos dos outros, nem é um simples gesto de cortesia. O amor verdadeiro leva a uma percepção profunda do outro, a um olhar agudo e límpido para descobrir o valor interior e a verdade deste. Com isso, dizemos que todo ser humano é digno de ser amado, independentemente de sua conduta ou de seus merecimentos e qualidades. O amor aos nossos irmãos deve estar ligado aos valores fundamentais da sua existência e como tal é incancelável, apesar da aparente indignidade deles.

Não é possível sermos santos e agradar a Deus, sem tomar conhecimento de quem está ao nosso lado. Muitas vezes, ignoramos "onde estava" nosso irmão, como Caim, que não quis se sentir responsável pelo irmão (cf. Gen 4, 9). Quem estima sinceramente seu irmão se sente responsável por ele, pela sua salvação, fará de tudo para estimulá-lo, dia a dia, ao bem, a Deus. É sinal de estima sincera e de amor verdadeiro estimular o outro ao seu bem, o que é estimulá-lo ao centro da vontade de Deus. O verdadeiro amigo não adula nem rejeita o outro, mas o estimula a amar.

Mesmo que o irmão se desvie do verdadeiro bem com o seu comportamento, não podemos perder a esperança de que ele pode, um dia, descobrir e crer na sua capacidade positiva de melhorar e perceber que é muito melhor do que parece e poderá ser fiel àquele projeto que Deus tem para ele.

Essa confiança no outro é uma força estimuladora, é maior do que o pecado e gera a força de vencer o mal porque é capaz de redescobrir o bem ou de salvar a intenção, de dar novamente esperança ou de convidar o outro de novo a caminhar para Deus, nem que seja juntos quando o outro não está muito interessado. Além disso, pode ser o estímulo necessário para mudar o irmão, ainda que a longo prazo, com muita paciência e discrição, sem paternalismo, mas com desejo sincero de levá-lo a crescer na amizade com Deus.

Não amamos para transformar ninguém, e sim, para levá-lo a experiência com Deus, para levá-lo ao amor de Deus, para levá-lo a verdade de Deus; e isso não se realiza pela força das nossas palavras nem pelas nossas críticas.

Amar é pôr-se diante do outro numa atitude de grande respeito por suas opções e tomadas de decisão, suas demoras, seus ritmos de crescimento, para que sua autonomia amadureça sempre mais e a relação vá progredindo em direção à profundidade.

O amor tem que se traduzir em atos que exprimam aquilo que se vive, traduzir-se em gestos que gerem outro amor. Não basta dizer a uma pessoa que você a ama. É necessário também que ela o perceba através dos atos. Por isso, faça o que for necessário para que, de sua parte, floresça a confiança, a familiaridade e a intimidade.

Mas como traduzir em atos o amor? Que expressão escolher? Dando o melhor de si mesmo ao outro. Exemplos: uma saudação, uma carta, um encontro, o tratar-se com familiaridade e intimidade, um aperto de mãos, um gesto de carinho, uma ajuda esperada, a lembrança de uma data particular, uma palavra de estima, de conforto e de estímulo.

Sem conhecimento não existe amor. O conhecimento da pessoa que se quer amar não se detém na periferia, mas chega ao fundo de sua vida e de seu ser. Amar é conhecer o núcleo desta vida e deste ser escondido nela. Toda pessoa é muito mais do que aquilo que aparenta aos olhos dos outros.

Manuela Melo
psicologia@cancaonova.com
Missionária da Comunidade Canção Nova, formada em Psicologia.

domingo, 24 de outubro de 2010

ENJ 2010 - No RJ

Anualmente, a juventude carismática do Brasil é convocada a se reunir no Encontro Nacional de Jovens, evento marcado por fortes momentos de oração, pregação da Palavra e vivência fraterna. A edição deste ano, que acontece no Rio de Janeiro entre os dias 12 e 15 de novembro, está cheia de novidades.

A primeira delas é o projeto Sentinelas em Missão que pretende mobilizar os jovens participantes do encontro para a realização de missões nos Grupos de Oração das cidades do Rio de Janeiro, Niterói e Duque de Caxias nos dias que antecedem o ENJ, período de 7 a 11 de novembro. Os interessados em participar da missão, devem entrar em contato com os coordenadores estaduais do Ministério Jovem para mais informações.

A programação do ENJ também conta com inovações. Pela primeira vez, acontecerá o Festival de Artes do Ministério Jovem. Durante as noites dos dias 13 e 14 de novembro, os jovens poderão mostrar seus talentos de dança, teatro e música. As inscrições para o Festival também serão feitas com o coordenador estadual do MJ.

Outro momento importante da programação serão os workshops sobre Formação de coordenadores diocesanos, Jornada Mundial da Juventude e vocação. Além disso, durante todo o encontro haverá uma equipe de casais, jovens e sacerdotes a disposição dos participantes para momentos de escuta e aconselhamento.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

É possivel viver o amor sem conflitos?

Um dos erros mais acentuados em homens e mulheres é que eles costumam sonhar com um amor sem conflitos, sem problemas. Isto se deve, em parte, ao impacto cultural que invade os filmes e as novelas, que recaem na ingenuidade, no pouco conhecimento real do mundo e, possivelmente, em outros fatores de peso, mas que, em conjunto, constroem uma imagem do ideal do amor que, na realidade, não existe.

Esta imagem, com a experiência nos relacionamentos, cedo ou tarde se rompe, deixando um acúmulo de decepções e desilusões. Ironicamente, os que sonham com amores perfeitos acostumam viver amores muito imperfeitos, pois a realidade é que não existem relacionamentos humanos sem conflitos. Talvez exista só para aquela pessoa que fica à margem do amor, com uma espécie de linha invisível que não cruza, pois o mantém estático, sem conflito e sem amor.

Todos os seres humanos formam parte de uma história pessoal com diversas experiências, algumas boas e outras não tanto. Todos nós temos rasgos de caráter distintos, aptidões, defeitos, virtudes, capacidades etc. Tudo o que foi mencionado anteriormente influi no relacionamento com os outros, com nós mesmos, tomando em consideração o que a outra pessoa traz na história dela. Em poucas palavras, outro mundo muito distinto do nosso, por isso o complexo dos relacionamentos, pois é muito ingênuo pensar que, algum dia, poderemos ter amor sem conflitos.

Um dia um autor formulou a seguinte frase, referindo-se ao relacionamento de um casal com ideias e pensamentos distintos. Apesar disto, não desaparecem as diferenças de opinião nem os desacordos: “Discutiram e, assim, experimentaram, uma vez mais, que se pertenciam um ao outro”.

Claro que estamos falando de uma discussão na qual não se busca ferir o outro, mas de uma vontade de compreensão e desejo de compromisso construtivo. É aqui, justamente, onde se demonstra o esforço para encontrar sempre um caminho em direção ao outro.

Amar não é descansar um junto ao outro, porque amor é uma luta e uma superação de conflitos para conseguir a unidade que deve se conquistar a cada dia.

Eugenia Ponce de León Álvarez
www.almas.com.mx

domingo, 17 de outubro de 2010

O segredo

O silêncio profundo da alma de Jesus, em sua Paixão, guardava um precioso segredo: o mistério de sua paixão interior, seu sofrimento moral. Segredo que nenhum cineasta, nenhum poeta por mais talentoso inspirado, saberia expressar. Segredo de Deus, do Filho de Deus. Segredo do Homem, do Filho do Homem.

Era costume, entre os judeus, matarem um cordeiro em memória da primeira Páscoa. O sangue do animal sem mancha, macho, de um ano, era a garantia de que as famílias que com ele marcassem as entradas de suas casas seriam preservadas da morte de seus filhos primogênitos.

Costume, também, era utilizar um bode para, através de um ritual, por sobre ele a culpa e os pecados dos fiéis soltando-o, em seguida para a morte no deserto. Era o “bode expiatório”, aquele cuja vida era tomada em troca do pecado do fiel que procurava os sacerdotes do Templo.

Jesus, ofertando-se como Cordeiro, preserva (assim, no presente do indicativo) toda a família humana, de todos os tempos, da morte eterna. Mais que isso, abre para ela as portas da vida eterna, inclusive em nosso corpo a ser feito glorioso por ocasião da ressurreição dos mortos.

Tomando sobre si o peso do pecado do homem, de cada homem, de todos os tempos, Jesus expia, dá-se como pagamento de todo pecado, faz-se expiação, uma troca que todo judeu entendia muito bem.

E aqui reside segredo: ao tomar sobre si o pecado, “fez-se pecado”e iniciou a dor de sua paixão interior. Fazer-se pecado, por amor a você, trouxe-lhe o indescritível sofrimento humano pelo afastamento do Pai que não tem nenhuma parte com o pecado. Esta foi sua verdadeira paixão, mais lancinante que toda chicotada, mais mortal que toda tetania, mais cruel e injusto que toda cruz. O amor encarnado viu-se separado do Amor que o sustentava.

De sua parte, o Pai, em seu segredo de amor, suportava, por amor, o sofrimento da separação do Filho que entregava para, Nele, acolher o pecador que, a seus olhos, não mais tem o rosto do pecado, mas o rosto amado de Seu Filho.

Maria Emmir Nogueira Co-fundadora da Comunidade Shalom

domingo, 10 de outubro de 2010

Experiências no caminho de namoro

Logo que comecei gostar da Cris Viana, ouvi do Jailson, meu irmão de comunidade CN: “não caia no erro de se comparar a outros casais. Cada um tem sua história, qualidades e virtudes, sua missão. Descubra as de vocês e as viva com fidelidade“.
Partilho aqui algumas das experiências desse tempo, que chamamos na Canção Nova de CAMINHO DE NAMORO. É um tempo de conhecimento, de se preparar para namorar. Foram 6 meses vivendo essa experiência com a Cris.

Nosso sentimento nasceu depois de uma amizade de dois anos intensos de convivência diária. A amizade que precedeu o sentimento de um pelo outro, nos proporciona vivermos nosso caminho de namoro com muita partilha, diálogo, sinceridade e verdade; quatro atitudes que penso serem essenciais. A liberdade entre nós também é impressindivel para que esse tempo seja vivido sem medos de um para com o outro.

Eu poderia parar nos meus medos e inseguranças antes de me declarar para ela, mas corajosamente assumi o sentimento, e o homem novo que Deus me faz a cada dia.

Pensando na nossa história, me lembrei que NO CAMINHO muitas coisas acontecem, assim como revela a Sagrada Escritura.

* os discípulos de Emaús encontraram-se com JESUS no caminho. (conforme Lc 24, 35) – caminhando para o namoro com a Viana, também me encontrei com Jesus de forma mais concreta, mais na vida, pé no chão e coração em Deus.

* os leprosos foram curados no caminho, depois de se apresentarem para Jesus. (conforme Lc 17,14) – a cada vez que assumo a Cris como minha namorada, assumo todas as curas que Jesus já realizou em mim.

* o povo de Israel foi provado e cresceu na fé, no caminho do Egito para a Terra prometida. (conforme Exo 15) – acreditar que Deus está conosco sempre é graça d´Ele. Quando as coisas apertam entre nós e estamos vivendo algum impasse ou impossível dizemos como nosso irmão Vanderlei: “Deus está com a gente!

Logo, caminho é tempo de:
- encontrar-se com JESUS
- ser curado e
- crescer na fé.

Preparar-se para algo que espero ser eterno é justo, louvável e honroso. Tanto eu como a Cris merecemos ser tratados com dignidade um pelo outro e não temos o direito de brincar com os sentimentos, por isso a importância do caminho. Caminhamos para o namoro, algo tão nobre.Deus abençoou nossos projetos e nisso vemos a Sua Mão, revelando a Divina Providência, conduzindo nossas vidas, inclusive nas pequenas coisas, nos detalhes.

Não tenho dúvida de que tudo o que vivemos também foi fruto da nossa oração. Desde que eu me declarei apaixonado pela Cris, rezamos uma vez por semana juntos e também um pelo outro constantemente. Fundamos até um grupo de oração pra nós :-) toda segunda-feira a noite, depois dos nossos trabalhos. Inclusive se você quiser participar é só entrar em contato com a gente hehe.

Hoje sou mais feliz, pois espero em Deus e a cada dia Ele me presenteia com algo novo através de uma mulher de fé e que me leva mais pra Ele; mais para as coisas do alto. Essa mulher é minha namorada Cris Viana, pros íntimos “Vivi”.

Em festa,
Fernando Fantini

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Acordo com o Vaticano pode ser revisto por questões eleitorais

08-10-2010


A agência italiana ANSA informou que o secretário pessoal do Presidente Luiz Lula Da Silva, Gilberto Carvalho, disse à cúpula da Igreja que se continuarem os questionamentos contra a candidata Dilma Rousseff – devido à sua postura favorável ao aborto – poderia ser revisado o acordo assinado com o Vaticano.

ANSA, que recolhe uma notícia do jornal Valor Econômico, assinalou que Carvalho se reuniu com membros da Conferência Nacional de Bispos do Brasil e comunicou que o governo pode voltar a discutir o acordo que contempla o apoio a escolas católicas e outros benefícios.
Lula revisaria o acordo assinado por Lula e o Papa Bento XVI em 2007 no Brasil, e ratificado em 2009 no Vaticano, depois do qual foi aprovado pelo Congresso, onde foi questionado por congressistas evangélicos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Avança causa de beatificação de Cardeal Van Thuân


Cardeal Vietnamita François-Xavier Nguyên Van ThuânNo dia 22 de outubro, será celebrada a sessão solene de abertura da investigação diocesana sobre a vida, virtudes e fama de santidade do Cardeal Vietnamita François-Xavier Nguyên Van Thuân. O Cardeal foi um corajoso testemunho de esperança em meio à dor e perseguição do regime comunista no Vietnã.A cerimônia acontecerá às 12h (hora local), na Sala da Conciliação do Palácio Lateranense, em Roma. Entre os presentes estará o Cardeal vigário de Roma, Dom Agostino Vallini, que presidirá a sessão e o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, Cardeal Peter Turkson.O Cardeal Van Thuân passou 13 anos de sua vida nas prisões do regime comunista - de 1975 a 1988 -, sem ter sido processado. Em 1991, ele foi forçado a abandonar seu país e foi recebido pelo Papa João Paulo II na Cúria Romana. Em 1998 foi nomeado Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz e, em 21 de fevereiro de 2001, foi criado cardeal.Quando ele estava saindo da prisão, alguns de seus companheiros lhe perguntaram qual era a sua força secreta que lhe permitiu sobreviver. "O que me deu força - respondeu ele - foi a Eucaristia".O início da causa de beatificação de Dom Van Thuân foi anunciada pelo Vaticano, em 17 de setembro de 2007. A postuladora da causa, nomeada pelo Cardeal Renato Raffaele Martino, é a advogada Silvia Mônica Correale.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A arte de reconciliar-se com os próprios limites

[Mais um pouquinho das características desse carisma que é uma maravilha.]

A limitação é uma realidade profundamente inerente ao humano. Ser gente significa ser essencialmente limitado e marcado pela fragilidade.
Não existem super-homens – por mais que a sociedade e as circunstâncias atuais façam com que muitos acreditem sê-lo –, toda pessoa humana é marcada por algum tipo de imperfeição, com a qual, em algum momento de sua história, terá que se encontrar.
Ninguém é bom em tudo, ninguém consegue ser perfeito em todas as dimensões de sua vida: há quem seja bom no trabalho, mas falho nos estudos; assim como há aqueles que são perfeitos em casa como pais e esposos, mas nunca conseguem ascensão profissional; ainda existem aqueles que são ótimos nos esportes e péssimos na dimensão relacional/afetiva; da mesma forma, há os que possuem muitos amigos, mas não conseguem se firmar em um namoro ou relacionamento sério; e assim por diante. Todos portamos algum tipo de imperfeição e limite, com os quais teremos de aprender a “dialogar” em nossa trajetória pela vida.
A verdadeira virtude consiste em saber, de fato, dialogar com os próprios limites, reconciliando-se constantemente com eles e buscando realmente integrá-los àquilo que somos, visto que somos um “acontecimento” composto por virtude e fraqueza.
A maturidade só será concebida no coração que soube relacionar seus prós e contras, suas virtudes e limites, integrando-os ao que se é (com consciência da própria verdade) e buscando assim potencializar as virtudes e trabalhar as fraquezas.
O autoconhecimento é essencial em todo processo de crescimento e maturação enquanto gente, e principalmente, o conhecimento dos próprios limites. Do contrário, a pessoa será eternamente escrava de uma ilusão desencarnada acerca de si, não podendo crescer e experienciar a alegria e a liberdade que brotam do fato de reconciliar-se com os próprios limites.
Há limites que poderemos vencer, contudo, há aqueles com quais teremos que aprender a conviver… Quem não aceita os próprios limites acabará empregando – inutilmente – uma imensa energia no combate a um inimigo fictício, gerando assim um conflito interior desnecessário, pelo fato de combater uma realidade que deveria, em vez de negada, ser agregada ao todo que o compõe.
O limite é algo natural e até mesmo pedagógico no processo humano: negá-lo seria negar a própria humanidade e dependência do Eterno.
Reconciliar-se com os próprios limites: eis um passo de sabedoria que nos faz mais completos e encontrados em nossa verdade. Tenhamos a coragem de assurmir tal postura e atitude, e contemplemos os belíssimos frutos que procederão de semelhante prática e compreensão.

Adriano Zondoná
verso.zandona@gmail.com