domingo, 27 de junho de 2010

A dança do amor


A dança do amor
Dinâmica do Encontro Homem e Mulher, Masculino e feminino, esculpidos em pedra.
Está obra do grande escultor Frances Auguste Rodin (1840-1917) intitula-se: A Catedral. É uma excelente metáfora para designar a caminhada de amadurecimento de um casal cristão no amor à luz da sua fé.
Sabemos que uma Catedral nunca está pronta através dos séculos, e que destruída nas guerras é reconstruída na exata maneira como fora. Não acontece assim também no caminho de um grande amor que amadurece vinculado a Árvore fecunda da Cruz de Cristo?
Recebo regularmente a revista da diocese de Friburgo na Alemanha, cujo nome é “konrabsblatt” isto é, “revista de são Conrado”, e encontrei ali está linda reflexão do padre jesuíta Theo Schmidkong, SJ, que contemplou “A Catedral” de Rodin meditando o itinerário dialógico do casal cristão. Você sabia caro casal, que sua vida matrimonial é semelhante à edificação de uma linda Catedral?
Traduzi esse texto do alemão para vocês meditarem. Do ponto de vista psicológico e teológico achei-o de uma incrível beleza. Foi escrito por um sacerdote consagrado a Deus no celibato.
É impressionante que esta meditação brotou de um coração virginal que contempla o matrimonio com tanta simpatia e objetividade. Aqui podemos ver como as duas vocações interagem divinamente: Matrimonio e Virgindade. Vejamos:

“Duas mãos,
Ao mesmo tempo próximas e distantes;
Relaxadas e, contudo tensas.
Cada uma bela em si mesma,
Mas, acima de tudo estão juntas.
Formando uma totalidade.
São duas mãos direitas,
Que se orientam uma para a outra.
A mão masculina, levantada e protetiva,
Aberta e caminhando ao encontro;
A mão feminina mais fortemente curvada para a outra,
Tocando-a levemente, e ao mesmo tempo se apoiando nela.
Ambas estão totalmente orientadas uma para a outra,
Ligadas reciprocamente,
Mas não fechadas sobre si mesmas.
Entre elas permanece um espaço,
Que preanuncia ao mesmo tempo a dor e a alegria.
A Dor:
A unidade ultima e perfeita entre
As pessoas neste mundo não é possível de modo definitivo.
Em toda a comunhão de pessoas,
Por mais próximas que seja,
Permanece sempre um resto de solidão.
O amante percebe que ele não consegue
Compreender totalmente o outro,
E reconhecê-lo em sua profundidade.
Toda auto-posse humana é ao mesmo tempo abandonar-se até a morte.
A Alegria:
Estas duas mãos pertencem uma à outra.
Elas formam uma maravilhosa unidade.
Para além do estranhamento e da solidão elas se encontram.
Elas se abandonam ao risco no ato de
Se ligar à outra e para a outra;
De orientar-se totalmente para a outra.
Não apenas no sentido de uma posse amorosa da outra,
Mas, muito mais no sentido da auto-doação e oferta de si mesma.
Ambas as mãos se tocam levemente,
Não se forçam uma na direção da outra,
Ao mesmo tempo não se detêm na angustia diante da outra.
Neste espaço da confiança, do amor
Elas abrem espaço para o mistério do amor de Deus”.

(...)
Pontos essenciais de um Encontro indicados pelo texto:
Em todo Encontro verdadeiro há certa tensão quando acusamos a presença do diferente; relaxamos lentamente para preparar o acolhimento. Percebemos que afinal formamos uma totalidade. Isto é sentido, sobretudo no encontro Homem-Mulher, que na igualdade de dignidade se orientam um para o outro. Eles se aproximam por uma misteriosa necessidade de preencher um vazio: Uma das mãos oferece proteção (masculina), a outra toca delicadamente e se apóia procurando amparo (feminina). Ambas no amor querem partilhar aquilo que tem.
Não se trata de uma fusão de almas despersonalizante, mas o ESPAÇO é necessário para que as liberdades se entrelacem sem medo. É o momento dialógico que dura uma vida nas diversas estações do amor: Na primavera, vivo e conflituoso, no verão caloroso vital, no outono maduro e carregado de frutos, e no inverno sereno, bebido a pequenos tragos como o bom vinho do porto.
O dialogo continuado impede fechamento sobre si e empobrecimento interior que se traduz em magoas e ressentimentos. Este espaço é um lugar doloroso, porque nunca possuímos uma pessoa, especialmente do outro sexo como coisa, como se fosse qualquer coisa entre as nossas coisas. São sempre duas liberdades que se entrelaçam, e nenhum amor anula a liberdade, e nem mesmo o Amor Infinito do Pai (São Vicente Pallotti).
Só no paraíso nos veremos tal qual somos na Trindade Santíssima. Em cada Ser Humano existe uma misteriosa solidão que é só dele, e que permanece incompreensível até a morte. Esta solidão é fonte e sofrimento para ambas as partes e que amadurece no silencio e no respeito. Reconhecer está realidade faz parte do amadurecimento de um casal.
Como diz o próprio texto, a alegria está na mutua pertença e saber que o outro ou a outra não só caminha comigo, mas está comigo oferecendo-me o que há de melhor: O vinculo indissolúvel do seu coração renovado a cada instante na Caridade sobrenatural do coração de Cristo que é a graça especifica do sacramento do matrimonio. Como bem mostra o detalhe este encontro se da na delicadeza dos sentimentos que se tocam se olham se compreendem e se possuem no Mistério.
Dedico esta linda reflexão aos queridos casais que no meu itinerário vocacional de sacerdote me ensinaram a beleza das diversas idades do amadurecimento de um amor em Cristo.

Pe. Antonio Fiori SAC

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